quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

M&M IXP

Acabei o curso há mais de 2 anos. Costumo dizer que o melhor que trouxe da minha formação académica foi aprender a pensar. Prática, muito muito pouca. Técnicas algumas, infelizmente já esquecidas a maioria delas. Aprendi a pensar, conjugar ideias, perceber algumas teorias, sem ter que estar inteiramente agarrado a apontamentos e decorar frases. Aprendi a pensar porque sempre gostei de ouvir. Não tive os melhores professores, especialmente nos primeiros 2 anos (onde de facto podia ter aprendido muito mais), mas eram os melhores que faziam o plano curricular.

Vem isto a propósito de hoje ter visto, e ouvido, na SIC Noticias e RTP2, respectivamente Adelino Maltez e Adriano Moreira. Se no 1º caso, nunca tive nenhuma cadeira por ele “controlada”, assisti a várias conferências e colóquios nos quais ele participava. Era, e é, uma voz polémica. Muito polémica e extremamente incompreensível. Adriano Moreira é (ou era) o avô da Faculdade. Estudei teorias suas, nomeadamente nas cadeiras de relações internacionais. Hoje, sinto-me 10x mais disponível para lê-lo e compreendê-lo do que nos primeiros anos de estudante universitário, onde a vadiagem imperava.

2 assuntos distintos levaram-nos à TV: a tudo-menos-democrática lei que vai levar varrer uns quantos partidos nunca eleitos; e o Tratado Alfacinha.

No caso do Maltez, a comparação feita com o Futebol e os grandes foi o suficiente. Mandam os grandes, abaixo os pequenos: a cidadania que vá pró lixo. Ditadura dos grandes. 2 senãos, na minha opinião: a cidadania não é propriamente sinónimo de partidarismo; grande parte dos lideres desses "mini-partidos" procura apenas protagonismo.
No caso do avô IXP, basicamente cito a Alberta MF: é sempre um prazer ouvi-lo. Apesar de ser necessário ler 2 ou 3 vezes muitas das suas frases, tal a quantidade de conceitos, é também um prazer lê-lo. Anti-ditadura da Economia, mas sempre a par do mundo que se vive hoje. Observador exemplar. Diria que é dos maiores videntes do nosso país, um futurista. Mais do que impingir a sua ideia, faz um retrato daquilo que vê e do que pode vir a acontecer. Não bajulador, nem crítico de tudo. Sem nunca varrer o passado. E cito, para mais tarde me recordar, uns parágrafos de um artigo seu de 6Nov no DN:

“Apelo ao pilar insubstituível de um empenhamento sem fadiga para ultrapassar o quadro de pontos negativos que ensombram o globalismo em que nos encontramos, de facto sem modelo de governança mundial que lhe responda, reconhecidamente enfrentando uma crise de valores que agudiza a conflitualidade do encontro de todas as áreas culturais, pela primeira vez a falar ao mundo com voz própria.”

"apelo aos valores, numa época de crise de valores, que aparece como recurso: contenção dos poderes titulares das armas, afirmação do objectivo da dissuasão contra qualquer objectivo de ataque, prudência governativa em vista dos interesses comuns da Humanidade."

"É surpreendente e inquietante que a variável mais confiável de uma limitação dos riscos e dos desastres seja a paciência, um dos nomes do sentido de responsabilidade em relação à paz geral. É esse sentido de responsabilidade que está em causa."

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