Quiçá imbuído num espírito tropical, próprio de Cabo Verde, o Presidente GR foi longe demais. Não foi o melhor modo de responder a Vital Moreira, que num artigo no Público de ontem cascou forte e feio no novo estatuto político-administrativo dos Açores. Chamar a Portugal ultraperiferia é, não só, minimizar o país onde vive, mas também meter no mesmo saco um país continental e uma ilha. Claro que César acrescenta a palavra “continental”, mas o mal já estava feito.
“É um território periférico do continente europeu que tem, graças aos Açores, uma localização central no diálogo atlântico”. Verdade. Mas essa periferia continental, muitas vezes chamada de cu da Europa, devia ser vista como Cabeça da Europa. Nós é que preferimos ver-nos como cu em vez de cabeça, e não fazemos uso da nossa periferia. Enquanto assim for continuaremos na cauda, e os Açores ainda mais afastados. O Atlântico continua a ser encarado como um fim e não um inicio.
Frases como esta são como pão para a boca dos media. Rapidamente o Publico puxou uma noticia banal para os não-açorianos, sobre uma visita de César a Cabo Verde, para posição de destaque na edição on-line. E logo deu azo a comentários tão brilhantes como: “Para mim são apenas territórios parasitas que Portugal com o seu espírito solidário adoptou. Além de gerarem pessoas pouco cultas e pouco educadas não são geradoras de riqueza económica. Eu considero-os a válvula de esgoto do planeta. Podem vedar.”
Termino citando o comentário de um madeirense: “Convençam-se do seguinte: somos tão portugueses como todos os outros que vivem na parte continental, na medida em que quando estes territórios foram descobertos pura e simplesmente não tinham um único ser humano! Portanto os que cá vivem não são a descendência de uma qualquer tribo autóctone da era pré-descobrimentos, mas portugueses do mais puro que existe. Queiram ou não, queiram ou não alguns pacóvios políticos madeirenses e não só continuamos a ser PORTUGUESES! Por isso, não nos chateiem mais com estas histórias de independências a nós, cidadãos comuns dos arquipélagos, que temos a nossas dignidade, trabalhamos, pagamos os nossos impostos, e sobretudo temos enorme orgulho na nossa portugalidade!”
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