quinta-feira, 2 de julho de 2009

Clemência

O Sol seca-me a cara. Tal como o homem, o sol precisa de água para viver. Se, ao despertar, constatar que pode sorver umas gotas da cara de um homem, vai ser mais dócil com ele ao meio-dia, àquela hora em que se torna cruel. Vai mostrar a sua clemência ao dar-nos um pouco de sombra. Não directamente, mas através de várias coisas. Uma árvore, um telhado, uma caverna. Sem sol, essas coisa por si não têm sombra nenhuma. O Sol pode agredir-nos, mas fornece-nos também um escudo de defesa.

Richard Kapuscinski, Andanças com Heródoto

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